Índice criado por economista classifica Brasil como 4º país mais triste
Em termos econômicos, os países também podem ser felizes ou infelizes, analisa o economista americano Steve Hanke.
Se uma nação tem uma taxa de inflação alta e índices de endividamento e desemprego elevados, é muito provável que seja triste.
Por outro lado, se está crescendo economicamente, apresenta um nível de inflação, juros e desemprego baixo, tende a ser mais feliz.
É com base nestes quesitos que o Brasil ocupa a 4ª posição do índice anual dos países mais infelizes (Misery Index, em inglês) de 2018, elaborado por Hanke, professor de economia aplicada na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos.
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A Venezuela – que vive a maior recessão de sua história – encabeça o ranking, que analisa o desempenho de 95 países, como o país mais triste.
No outro extremo, está a Tailândia, que aparece como a nação mais feliz da lista.

Como é calculado?
O índice foi criado pelo economista americano Art Okum nos anos 1960 e era baseado apenas na taxa de inflação anual e de desemprego de um país.
Ao longo dos anos, o indicador passou de mão em mão e sofreu uma série de modificações até chegar à versão atual que contempla as alterações feitas por Hanke.

O índice reflete a soma das taxas de desemprego, inflação e empréstimos de um país, menos a variação percentual do Produto Interno Bruto (PIB) real per capita.
Portanto, se um país obtiver uma pontuação alta no indicador, isso reflete um nível mais alto de “infelicidade”.
| Os países mais ‘infelizes’, segundo Steve Hanke | |
|---|---|
| Países | Índice |
| 1. Venezuela | 1.746.439,1 |
| 2. Argentina | 105,6 |
| 3. Irã | 75,7 |
| 4. Brasil | 53,6 |
| 5. Turquia | 53,3 |
| 6. Nigéria | 43 |
| 7. África do Sul | 42 |
| 8. Bósnia e Herzegovina | 38,2 |
| 9. Egito | 36,8 |
| 10. Ucrânia | 34,3 |
Os países mais tristes
De acordo com o índice, publicado em março deste ano, o país mais infeliz em 2018 foi a Venezuela, ocupando a primeira posição do ranking com 1.746.439,1 pontos.
O país sul-americano, que atravessa uma profunda crise econômica, política e social há vários anos, está no primeiro lugar desde 2015.

A Venezuela tem a maior taxa de inflação do mundo e uma carência generalizada de alimentos e remédios.
Mas estes índices aumentaram drasticamente no ano passado, à medida que o colapso da economia do país acelerou, diz Hanke.
Para o economista, a solução para combater a hiperinflação do país e torná-lo “menos triste” é “implementar mudanças políticas e um novo regime de câmbio”, afirmou à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

O segundo lugar do ranking é ocupado por outra nação sul-americana: a Argentina.
O país, que estava na quarta posição em 2017, totalizou 105,6 pontos no índice após sofrer uma nova desvalorização da moeda (o peso argentino) e uma escalada nos índices do preços ao consumidor, que atingiu 47% em 2018.
“Enquanto a Argentina não abandonar o peso e substituir pelo dólar, será infeliz”, escreveu Hanke na revista Forbes.

Já o Brasil, que ocupava o terceiro lugar no ano anterior, caiu para a quarta posição – com o índice de 53,6.
Em 2018, o país registrou crescimento de 1,1%, considerado morno por analistas, encerrando o ano com mais de 12 milhões de desempregados e uma taxa de inflação de 3,75%, dentro da meta estabelecida pelo Banco Central.
Já a dívida pública – que inclui o endividamento interno e externo do país – teve uma alta de 8,9%, fechando o ano em R$ 3,877 trilhões.
“Como meu amigo Roberto Campos – o falecido economista, diplomata e político brasileiro – me explicou uma vez durante uma visita a Brasília: a Constituição brasileira é tão grossa quanto a lista telefônica da cidade de Nova York e está cheia de pouco mais do que direitos e prerrogativas”.
“O presidente Bolsonaro tem um trabalho árduo pela frente. Para melhorar o ranking de seu país, ele terá que cumprir sua promessa de reformar o sistema previdenciário falido do Brasil”, avalia Hanke em artigo publicado na revista Forbes.
No ano passado, a Previdência gastou R$ 195,2 bilhões a mais do que arrecadou.
O principal objetivo da reforma encaminhada pelo atual governo, que tramita no Congresso, é diminuir a velocidade de crescimento das despesas aumentando a idade média de aposentadoria e elevando as receitas com uma taxação progressiva dos salários dos contribuintes, entre outras medidas.
Os menos tristes
Já o país menos triste em 2018 foi a Tailândia, ocupando o 95º lugar entre os países analisados, com o índice de 1,7.
A economia da Tailândia, avaliada em cerca de US$ 515 bilhões, cresceu 4,1% em 2018, o maior aumento em seis anos, segundo informou a agência Reuters.
Na opinião de Hanke, o governo militar, que está no poder desde o golpe de 2014, deu estabilidade ao país.

Segundo dados do Banco Mundial, a Tailândia é um dos poucos países que podem ser considerados um grande sucesso em termos de desenvolvimento econômico.
Nos últimos 40 anos, o país conseguiu superar metas de desenvolvimento econômico e social de modo sustentável possibilitando a criação de milhões de postos de trabalho. Com isso houve uma impressionante redução da pobreza.
Sucessivos governos têm investido em projetos de saúde e educação com excelentes resultados. no país Em 2018, a Tailândia obteve crescimento econômico de 4,1%, que garante a expansão do mercado de tabalho.
O economista lembra que nas eleições de 24 de março o partido paramilitar Palang Pracharath foi recompensado. Embora o resultado oficial das eleições ainda não tenha sido divulgado, a Comissão Eleitoral da Tailândia disse que a contagem final de votos mostrou que o partido paramilitar ganhou o voto popular.
Após a Tailândia, os governos menos tristes de acordo com índice são: Hungria (com 2,6 pontos), Japão (3,3) e Áustria (3,9).
O país que apresenta a melhor classificação na América Latina é o Chile no 58º lugar do ranking, contabilizando 10,3 pontos.
Na sequência, estão o Panamá (10,7), na 54ª posição, e a Bolívia (10,8), na 52ª.
Fonte: Guiame





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