DISCIPLINA BIBLICA: DISCIPLINADO PODE PARTICIPAR DA SANTA CEIA OU NÃO
Lição: A importância da disciplina na Igreja
TEXTO ÁUREO
“Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça” (Hb 12.11 — ARA).
VERDADE PRÁTICA
A essência da disciplina é o ensino e o seu objetivo é levar-nos a andar de acordo com a vontade de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Pv 23.12
O incentivo à disciplina
Terça – Hb 12.7
Aquele que suporta a correção é tratado como filho
Quarta – Jr 6.8
Deus adverte seu povo a que se corrija
Quinta – Pv 29.15
Disciplina e correção andam juntas
Sexta – Hb 12.6
Deus nos corrige como pai
Sábado – Hb 12.8
Devemos buscar a disciplina
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 5.1-11.
1 – Mas um certo varão chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade
2 – e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos.
3 – Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?
4 – Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
5 – E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
6 – E, levantando-se os jovens, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram.
7 – E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
8 – E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E eia disse: Sim, por tanto.
9 – Então, Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.
10 – E logo caiu aos seus pés e expirou. E, entrando os jovens, acharam-na morta e a sepultaram junto de seu marido.
11 – E houve um grande temor em toda a igreja e em todos os que ouviram estas coisas.
INTERAÇÃO
Na lição de hoje estudaremos a respeito da importância da disciplina na igreja. A disciplina é necessária para que haja ordem no Corpo de Cristo. Ela pode ser coerciva como também educativa. Tanto no Antigo como em o Novo Testamento, o Criador sempre disciplinou os seus servos, para que esses vivam em plena comunhão com Ele.
“Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível,” Efésios 5:25-27.
Porque somos ainda pecadores e imperfeitos, a disciplina de uma igreja batista é necessária. Jesus Cristo ensinou e mandou sua igreja disciplinar seus membros. Uma igreja que não pratica a disciplina dos membros vai se destruindo e pervertendo a doutrina do Novo Testamento, porque vai entrar e ficar na igreja os desordenados e hereges. Uma igreja que não pratica a disciplina certa, bíblica, constante, cuidadosa, atenciosa, respeitosa, e afetuosa, não deve observar a Ceia do Senhor. Porque, uma igreja que tem membros desordenados e heresias não pode observá-la dignamente, mas será culpada do corpo e do sangue do Senhor e comerá e beberá para a sua própria condenação, (I Coríntios 11:27-29). Além disto, não pode mostrar que é um só pão como uma igreja de Cristo, (I Coríntios 10:16-17). A Disciplina duma igreja é ser feita corretamente em bondade e amor, não com vingança, retaliação, nem ódio. O Apóstolo Paulo disse para “aborrecei o mal e apegai-vos ao bem,” (Romanos 12:6). Até Deus diz o que ama aos seus filhos, corrige seus filhos, (Provérbios 13:24). A disciplina duma igreja é coisa de obediência também, por isso, se uma igreja não disciplinar seus membros estaria desobedecendo O Senhor Jesus Cristo.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
• Reconhecer que a disciplina é uma prova do amor de Deus.
• Explicar a necessidade da disciplina.
• Saber que todo ato gera uma consequência.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza, conforme suas possibilidades, o quadro abaixo para os seus alunos. Converse com eles acerca da “Disciplina da vida cristã”. Explique que o objetivo da disciplina cristã é proporcionar ao crente uma intimidade profunda com o seu Criador. Além disso, a expressão “disciplina cristã” é utilizada em dois sentidos: práticas espirituais, devocionais, sociais e correção terapêutica. Algumas das primeiras são: a adoração a Deus, leitura diária e sistemática da Bíblia, oração, serviço, mordomia do corpo e dos bens. Quanto à segunda, sendo devidamente administrada, possui um efeito salutar e restaurador. Ela não deve servir para envergonhar, mas para edificar a fé do fraco e daquele que vacilou na caminhada.
Palavra Chave
Disciplina: Educar, ensinar corrigir. O termo disciplina se origina do latim “disciplina”, que significa “ensino”, “educação”. Essa palavra se relaciona com “discípulo” (gr. mathetes).
Numa igreja descompromissada com a sã doutrina, crentes como Ananias e Safira seriam até homenageados por sua “liberalidade e altruísmo”. Mas numa igreja que prima pelo ensino, não subsistiriam. Haveriam de ser desmascarados, repreendidos e fulminados pelo próprio Deus, pois Ele sonda-nos a mente e o coração. A falta de doutrina, pois, acaba por induzir toda uma congregação à hipocrisia e à mentira.
No episódio de Ananias e Safira, Lucas destaca o valor da disciplina na Igreja de Cristo. Por conseguinte, vejamos porque o ensino é imprescindível ao povo de Deus.
I. A DISCIPLINA E SUA NECESSIDADE
1. Definindo a disciplina. O que é disciplina senão ensino? Mas possui ela também o seu lado grave: a correção (Pv 15.10). Seu objetivo é conscientizar-nos quanto às consequências de nossas atitudes (Gl 6.7). A falta de disciplina pode conduzir à morte. Foi o que aconteceu a Ananias e a Safira.
2. A disciplina no Antigo Testamento. Por intermédio de seus profetas, Deus mostra ao seu povo o valor e a imprescindibilidade da disciplina (Jó 5.17). Ele requer que todos os seus filhos sejam ensinados na Lei e nos Profetas (Sl 25.8). A disciplina é tão preciosa quanto à própria vida (Pv 6.23). Eis o que diz Salomão: “O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto” (Pv 12.1).
Nestes tempos tão difíceis e trabalhosos, nós pais somos coagidos a não aplicar a disciplina aos nossos próprios filhos. É claro que também somos contra os maus tratos impingidos às crianças. Mas que estas têm de ser disciplinadas, não o podemos negar. A recomendação é do próprio Deus: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Pv 13.24 — ARA). Por que os educadores contrários à educação cristã, ao invés de nos constrangerem com as suas impropriedades, não saem em defesa das crianças abandonadas e prostituídas que fervilham nossas cidades? É necessário e urgente resgatar a infância abandonada e proporcionar-lhe uma vida digna e segura.
3. A disciplina em o Novo Testamento. Embora vivamos sob os termos da Nova Aliança, Deus em nada mudou quanto ao padrão disciplinar de seu povo. Haja vista o Sermão do Monte. Agora, além de o Senhor ratificar o sétimo mandamento, por exemplo, requer tenhamos nós um coração puro (Mt 5.27,28). Por conseguinte, viver sob a lei do Espírito requer uma disciplina ainda maior.
Por quebrarem a disciplina, Ananias e Safira foram severamente punidos pelo Senhor.
EXEMPLOS DE DISCIPLINA NO NOVO TESTAMENTO
Por seu caráter corretivo, e não por seus efeitos, Shedd (Idem, p. 53-67) chama os exemplos abaixo de disciplina negativa:
1. O homem que cometeu incesto (1 Co 5.1-8);
2. A igreja de Corinto (1 Co 11.30-32);
3. Ananias e Safira (At 5.1-11);
4. Simão, o mágico (At 8);
5. Himineu e Alexandre (2 Co 2.17-18; 1 Tm 1.20);
6. Os hereges (Gl 1.9);
7. Os que pecam para a morte (1 Jo 5.16-17)
A Bíblia de Estudo Pentecostal em sua nota de rodapé de Hb 12.5 diz que:
A disciplina do Senhor tem dois propósitos: (a) que não sejamos, por fim, condenados com o mundo (1 Co 11.31-32), e (b) que compartilhemos da santidade de Deus e continuemos a viver uma vida santificada, sem a qual nunca veremos o Senhor (vv. 10, 11, 14).
Estes são alguns dos motivos que devem nortear a disciplina na igreja.
A Bíblia de Estudo Dake, em sua nota sobre Hb 12.6a, aponta 8 razões do quando e do porquê da correção de Deus:
1. Quando os homens se recusam a ouvir (Jó 33);
2. Quando eles cometem iniquidade (2 Sm 7.14);
3. Quando os homens provocam a Deus (Sl 6.1; 38.1);
4. Quando os homens se esquecem de Deus (Sl 89.30-32);
5. Quando os homens se recusam a julgar a si mesmos (1 Co 11.32);
6. Quando os homens se rebelam (Dt 11.2-6; Lv 23, 14.31; Nm 14);
7. Quando os homens semeiam na carne (Gl 6.7-8);
8. Quando seus filhos precisam de instrução e correção (Hb 12.5-10; Ap 3.19)
Citamos mais uma vez Shedd (Ibidem, p. 10) na conclusão deste subsídio, que declara:
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Tanto no Antigo como em o Novo Testamento a disciplina orienta e evita que o erro torne-se repetitivo.
II. A OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA
Disposto a dedicar-se integralmente ao cumprimento da Grande Comissão, Barnabé vende a sua propriedade e entrega todo o dinheiro aos apóstolos. Lucas, ao registrar o fato, realça o desprendimento daquele levita natural da ilha de Chipre, que haveria de prestar relevantes serviços ao Reino de Deus (At 4.36,37).
Ananias e Safira, imitando a Barnabé, também vendem a sua propriedade. Ao contrário deste, o casal retém parte do dinheiro, e repassa o restante aos apóstolos, como se aquele depósito representasse o valor total da propriedade. Eles, porém, seriam desmascarados, repreendidos e mortalmente punidos. Não se pode mentir a Deus.
1. O pecado contra o Espírito Santo e a Igreja. O pecado de Ananias e Safira não foi um requinte social como eles supunham; constituiu-se numa ofensa contra o Espírito Santo (At 5.9). Ajamos, pois, com muito cuidado, porque o Senhor chamar-nos-á a prestar contas de todas as palavras frívolas que proferirmos (Mt 12.36).
Se formos disciplinados na Palavra de Deus, jamais cairemos no erro de Ananias e Safira: mentira, hipocrisia e roubo. Como vem você agindo? Tem se dado à mentira? Cuidado. Os mentirosos não terão guarida no Reino de Deus (Ap 22.15).
2. Uma oferta como a de Caim. Nossa atitude diante do Senhor é sempre mais importante do que a nossa oferta. Vejamos a história de Abel e Caim. Ambos trouxeram o fruto do seu trabalho a Deus. O primeiro teve a sua oferenda aceita, pois justo era o seu coração. Quanto ao segundo, por ser iníquo, foi rejeitado (Gn 4.6,7). Antes de atentar para a oferta, o Senhor contempla o ofertante.
Ananias e Safira poderiam ter vendido a propriedade pelo valor que bem entendesse e haver dado todo o montante, ou parte deste, à Igreja. Pedro deixou-lhes isso bem patente (At 5.4). Mas como o casal, buscando a própria honra, não mentiram somente a Pedro, mentiram também ao próprio Deus (At 5.3).
III. O EXTREMO DA DISCIPLINA
Ananias e Safira conheciam muito bem a doutrina dos apóstolos e não ignoravam o Antigo Testamento. Nas sinagogas, ouviam sábado após sábado, a leitura da Lei, dos Escritos e dos Profetas. Chegaram eles a conhecer a Jesus? É bem provável. Por conseguinte, não foram eles punidos inocentemente. Ao mentirem a Pedro, sabiam estarem ofendendo o Espírito Santo. Eles sabiam que esse pecado era gravíssimo (Mt 12.32).
1. A sentença de morte. Confrontado pelo apóstolo Pedro, Ananias viu-se desmascarado. Naquele momento, aliás, vê-se ele diante do tribunal divino e do Senhor recebe a sentença pela boca do apóstolo: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3,4).
Informa Lucas que, ouvindo a reprimenda de Pedro, Ananias caiu por terra fulminado. O mesmo aconteceria à sua esposa três horas depois (At 5.10). O casal que contra o Senhor peca unido, unido também perecerá. Não poderiam eles andar no temor e na disciplina divina?
2. A maldição é retirada do arraial dos santos. Se Ananias e Safira não houvessem sido confrontados e punidos, a Igreja de Cristo, como um todo, sofreria por causa do anátema. Lembra-se do caso de Acã? Quando o pecado é revelado e a liderança não faz uso da disciplina, segundo os padrões bíblicos, toda a igreja sofre debaixo da maldição do pecado. Leia com atenção e temor o capítulo sete de Josué. Tomemos cuidado, pois Deus não mudou. Ele continua o mesmo. Aliás, vejamos esta advertência de Pedro: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pe 4.17).
Deus julga e condena o pecado e o remove do meio dos santos.
COMO DISCIPLINAR (QUESTÕES ATUAIS)
A maneira de aplicar a disciplina pode colaborar com a restauração ou com a destruição do disciplinado. Algumas questões são dignas de consideração:
– A padronização da disciplina. Não existe um padrão único de disciplina. Erram os que estabelecem um único padrão de disciplina (forma, tempo, etc.) para cada tipo de erro ou pecado, sem considerar as pessoas e as circunstâncias envolvidas. O pecado de Davi era para morte (Lv 20.10), mas Deus através do profeta disse “não morrerás” (2 Sm 12.13). Uma disciplina alternativa lhe foi imposta (2 Sm 12.14).
– A sadimização da disciplina. Muitos sentem prazer na tristeza, sofrimento e na desgraça dos outros. Disciplinam com sadismo. Se alegram com o erro, fracasso e tragédia alheia. (Rm 12.15);
– A omissão da disciplina. Não disciplinar é uma postura irresponsável e diretamente contrária ao que recomenda a Bíblia Sagrada (Hb 12.11). A omissão da disciplina acontece por vezes motivada por amizades, parentesco, condição econômica e social, posição ministerial, etc. Dessa forma, quanto mais amigo se é, quanto maior o grau de parentesco for, quanto mais dinheiro tiver, quanto mais importante for, quanto maior posição possuir, menos ou nenhuma disciplina. Leia, por exemplo, o meu artigo “O Pastor, a ovelha pobre e a ovelha rica”.
– A parcialização da disciplina. Pelos mesmos motivos acima citados, em alguns litígios, a parte culpada é absolvida e a inocente tida como culpada e em seguida disciplinada (punida, castigada).
– A banalização da disciplina. A banalização da disciplina acontece, quando sem nenhum sinal de arrependimento ou contrição, o pecador é recebido ou integrado novamente na comunidade cristã.
Uma questão muito séria nos dias atuais é o caso de membros e líderes que ao serem disciplinados (ou entendem que serão), recorrem às ameaças e à justiça buscando ressarcimento pelos “danos morais” e “constrangimentos” sofridos. Por esta causa, a disciplina está deixando de ser aplicada na igreja, o que a médio e longo prazo produzirá um grande prejuízo espiritual e moral.
É preciso repensar a disciplina, não abusando da mesma, nem negligenciando o seu valor restaurador. É necessário aplicá-la como amor.
DURANTE A DISCIPLINA OS DIREITOS
Há lideres que negam a pessoa disciplinada o direito de participar da Santa Ceia, alegando que a mesma estar fora da comunhão. A bíblia deixa bem claro em 1ª Corintios cap..11 que cada um deve examinar a si mesmo se deve ou não participar e aquele que não participa não tem vida..
Uma questão que vale a reflexão é haverá salvação no período da disciplina? A bíblia no seu contexto nos deixa claro que no caso do arrependimento pelo ofensor Deus lhe perdoou. Provérbios 28.13 aquele que confessa e deixa alcança misericórdia.
É Licito privar a pessoa de atividades, e não privar a ela o direito de salvação, comunhão e convívio cristão.
OS MOTIVOS DA DISCIPLINA
1. A Glória de Cristo. Uma igreja deve disciplinar-se para a glória do Senhor Jesus Cristo. Uma igreja é um corpo de Cristo aqui no mundo, e tem que deixar o corpo dele limpo, puro, e santo para a sua glorificação. Porém, tem que disciplinar as pessoas culpadas de ofensas meritórias (dignas) de disciplina. Não fazer isto desonra Jesus Cristo.
2. O Bem da Igreja. O Apóstolo Paulo disse que “um pouco de fermento faz levedar a massa toda,” (I Coríntios 5:6). A disciplina certa é para não deixar o mal infetar a igreja toda. O mal exemplo de uma pessoa pode corromper e infetar a igreja toda. É como o corpo humano que não pode ignorar uma parte dele doente, mas, tem que cuidá-la bem, tratá-la com remédio, tentar curá-la, e se for necessário cortá-la (amputar) para salvar o corpo, (I Coríntios 12). Portanto, uma igreja tem que proteger o resto do seu corpo do malfeitor.
3. O Bem da Pessoa Disciplinada. A igreja que não corrige (disciplina) seus membros, não ama seus membros, (Provérbios 13:24). A igreja que não disciplina um membro desordenado está mostrando seu descuidado, egoísmo, e desamor para com seus irmãos em Cristo. A disciplina do homem incestuoso em Corinto (I Coríntios 5:1-15, II Coríntios 2:6-8) realizou o fim desejado, o homem arrependeu-se e reconciliou-se com a igreja. Outro propósito de disciplina é para que o disciplinado se envergonhe por causa da sua ofensa, (I Tessalonicenses 3:14). Uma igreja está tentando incitar o disciplinado arrepender-se, reconciliar-se, e andar com Cristo corretamente novamente.
A DISCIPLINA DA IGREJA
Quando muitos pensam na disciplina, só pensam na expulsão do ofendedor da igreja. A disciplina Bíblica envolve muito mais do que só isto. A expulsão é necessária nalguns casos, mas nem toda vez, e muito vem antes dela.
1. A Disciplina Instrutiva. Esta forma de disciplina é chamada também formativa e educativa. Esta disciplina é a instrução, o guiamento, a repreensão, o conselho, e a alimentação espiritual do povo de Deus. Deve ser feito pelos pastores, Efésios 4:11 e Atos 20:28; e pelos outros da igreja, Atos 18:26, Romanos 15:14.
Se os pastores das igrejas inclinarem-se diligente, fiel e seriamente (não perdendo tempo com muita outra coisa que tem nada haver com o ministério) à exposição e pregação da Palavra de Deus (todo o conselho de Deus, não só das doutrinas que gostam da Bíblia), a disciplina mais severa seria menos precisa. O ensinamento fiel da Palavra de Deus pode evitar muita maldade na igreja.
2. A Disciplina Restaurativa. Esta forma de disciplina é chamada também corretiva. As vezes numa igreja alguém, que vive principal e essencialmente correto, é surpreendido nalguma ofensa, (Gálatas 6:1). Os espirituais da igreja devem tentar restaurar (encaminhar) estes irmãos com o conselho bíblico, manso, e compassivo. Não é somente a obra do pastor, mas, dos espirituais da igreja também. Devemos procurar restaurar nosso irmão se pudermos.
3. A Disciplina Exclusiva. Esta forma de disciplina é quando uma igreja tem que excluir, cortar, ou expulsar um membro da igreja por causa de uma ofensa severa. Apesar de tudo, as vezes é necessário retirar a comunhão fraternal dum membro da igreja. Esta forma de disciplina tem que ser feita pela igreja toda (I Coríntios 5:3, II Coríntios 2:6), e não só pelos pastores e diáconos, nem por um grupo de pessoas na igreja. Há três tipos de ofensas dignos (meritórios) da disciplina exclusiva no Novo Testamento.
AS OFENSAS DIGNAS DA DISCIPLINA EXCLUSIVA
1. As Ofensas Particulares. Jesus falou destas ofensas em Mateus 18:15-18, e deu a maneira certa para resolvê-las. Quando dois membros de uma igreja tem um problema pessoal e privado: os dois devem tentar resolvê-lo entre eles só; se não puderem, o ofendido deve levar mais um ou dois irmãos tentando resolvê-lo; se o culpado não escutar os irmãos, é falar com a igreja toda; se o culpado não escutar a igreja, a igreja tem que disciplinar o irmão culpado. Uma igreja não deve ouvir um caso assim antes de cumprir os primeiros passos prescritos por Jesus Cristo em Mateus 18.
2. As Ofensas Morais. Estas são as ofensas públicas de: imoralidade (prostituição, fornicação, adultério, homossexualismo), avareza, idolatria (ofensa religiosa como relíquias, ídolos, imagens, ou heresia religiosa), maldizer, bebedice (inclusive abuso de drogas também), e roubo; (I Coríntios 5:1-11, II Tessalonicenses 3:6, 14). Um pastor, nem igreja tem direito para esconder estas ofensas, mas tem que tratá-las publicamente na igreja e disciplinar os desordenados.
3. As Ofensas Doutrinárias. O fermento da heresia pode contaminar a igreja toda, I Coríntios 5:6-8, 15:33). Por isso, uma igreja tem que disciplinar (excluir, cortar, ou expulsar) o herege da sua comunidade, (Efésios 5:11, I Timóteo 1:18-20, 6:3-5, Tito 3:10, Romanos 16:17). Se deixar o herege que está persistente na sua heresia, (não o irmão que está enfermo na fé, mas pode ser ensinado com bom ânimo, Romanos 14:1), na igreja, a heresia dele crescerá até tomar a conta da igreja toda. Somente praticando a disciplina bíblica podemos manter um testemunho bom neste mundo como uma igreja de Cristo.
Estas são as ofensas dignas da disciplina bíblica e ninguém tem direito para diminuí-las, nem aumentá-las. Mudar as regras da disciplina do Novo Testamento é desobediência, desgraça, e desagradável a nosso Salvador.
Champlin (2001, p. 178) apresenta alguns usos específicos para o termo:
a. A manutenção de certas normas e requisitos por parte de seguidores de grupos e ideologias específicas;
b. Aponta para qualquer sistema ascético e de mortificação do corpo;
c. Está relacionado com a idéia de açoite, principalmente no contexto da vida monástica;
d. Trata dos métodos mediante os quais um modo de vida é posto em execução, bem como as penas aplicadas aos que erram;
e. O treinamento sistemático que prepara uma pessoa para alguma tarefa específica;
f. Aponta para uma matéria específica na educação formal.
Shedd (2002, p. 13-35), identifica os seguintes termos para “disciplina” no Novo Testamento:
a. Ensino (didaskalia), conforme Mt 28.20;
b. Exortação (paraklesis), conforme 1 Tm 4.13;
c. Educação (paideia), conforme Hb 12.4-11;
d. Admoestação (nouthesia), conforme 1 Co 4.14;
e. Repreensão e Convicção (elegxis; elegchos; elegmos; “expor à luz”, “convencer”, “punir”), conforme Jo 16.8;
f. Correção (orthos, “reto”; epannothosin “correção”, etc.), conforme 2 Tm 3.15-17 e Ef 4.12.
Muito esclarecedora é a abordagem de Barcley (2000, p. 119-120), no estudo sobre o termo katartizeim. Um dos seus significados no grego clássico é “ajustar, pôr em ordem, restaurar”. Aplicada à disciplina cristã, fica evidente que a mesma nunca visa um mero castigo retribuidor, uma vingança contra o malfeitor. A disciplina visa “emendar” e “consertar” um indivíduo que sofreu danos e ferimentos com o seu erro.
A disciplina visa “equipá-lo” para melhor enfrentar as tentações e para enfrentar a luta e as exigências da vida. […] Assim, ao estudarmos esta palavra, vemos que a disciplina cristã nunca é vingativa, nem retributiva, nem sádica. Sempre é construtiva. É aplicada sempre e somente com a intenção de ajudar o homem que errou a fazer o melhor.” (Idem)
Conforme Andrade (1998, p. 123-124):
“[…] A correção é a essência da disciplina; o amor, a alma da correção, pois o Senhor Deus castiga a todos quanto ama, e aqueles a quem toma por filho. […] Disciplinar não é banir; é ensinar tendo como base o amor, a justiça, a santidade e a sabedoria; é tornar o santo mais santo”.
A disciplina é percebida por Thiessen (1987, p. 312) como um meio de purificação e santificação da igreja:
A igreja primitiva praticava a disciplina eclesiástica, e a Igreja de hoje não está dispensada desta obrigação (At 5.11; Mt 18.17; 1 Co 5.6-8, 13; Rm 16.17; 2 Ts 3.6, 14; Tt 3.10, 11; 2 Jo 10). Divisões, heresias, imoralidades, etc. são mencionadas como causa para disciplina. É somente a respeito da Igreja verdadeira que será dito no dia da volta de Cristo: ” cuja esposa a si mesma se ataviou” (Ap 19.7); mas a igreja local deve ser tão parecida com a Igreja verdadeira quanto for possível. Nestes dias de lassidão e frouxidão na vida da igreja, esta doutrina precisa ser de novo enfatizada.
Concluímos que não disciplinar os errados significa correr o risco de cair na posição de confundir a Igreja com o mundo e vice-versa. Mas a disciplina rigorosa incorre num perigo igualmente sério de cisma, dividindo irmãos e destruindo o santuário de Deus’ (i.e. a Igreja 1 Co 3.16).
CONCLUSÃO
“O tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa a repreensão prudentemente se haverá” (Pv 15.5). A disciplina é uma prova de amor. Deus requer que seus filhos andem de conformidade com a sua Palavra. Se errarmos, Ele certamente disciplinar-nos-á. No entanto, cuidado: Deus não se deixa escarnecer.
É a obrigação das igrejas de Cristo deixar-se puras, santas, e fiéis! Cristo manda, o Novo Testamento ensina, e é para nosso bem praticar a disciplina. Devemos orar pelos disciplinados, tentar restaurá-los, e recebê-los de volta, e perdoá-los quando vierem com o arrependimento dos seus pecados, a confissão pública das suas ofensas, e a vontade para servir nosso Deus e Salvador Jesus Cristo fielmente.
Ananias e Safira, simulando uma justiça que não possuíam, mentiram para o próprio Deus. Por isso foram mortalmente punidos. Andemos, pois, no temor do Senhor.
VOCABULÁRIO
Frívola: Leviana, fútil, sem valor.
Impingido: Aplicado.
EXERCÍCIOS
1. O que é disciplina?
R. Tanto pode ser ensino quanto correção.
2. O que nos ensina o episódio de Ananias e Safira?
R. Que não podemos mentir e nem enganar o Espírito Santo.
3. Que paralelo podemos estabelecer entre o casal e Acã?
R. Tanto o casal como Acã tentaram enganar o Espírito Santo e foram punidos com a morte.
4. O que pretendiam Ananias e Safira?
R. Desejavam demonstrar que tinham o coração desprendido dos bens materiais, o que era uma inverdade.
5. Você aceita com gratidão a disciplina divina?
R. Resposta Pessoal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Bibliográfico
“O delito de Ananias não foi reter parte do preço do terreno; poderia ter ficado com tudo se quisesse; seu delito foi tentar impor-se sobre os apóstolos com uma mentira espantosa unida à cobiça, com o desejo de ser visto. Se pensarmos que podemos enganar a Deus, fatalmente enganaremos a nossa própria alma. Como é triste ver as relações que deveriam estimular-se mutuamente às boas obras, endurecerem-se mutuamente no que é mau! Este castigo, na realidade foi uma misericórdia para muitas pessoas. Ele faria as pessoas examinarem a si mesmas rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia, cobiça e vanglória, e a continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos falsos crentes. Aprendamos com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da verdade, e não somente evitar a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas com o uso de expressões duvidosas e de significado duplo em nosso falar”.
(HENRY, M. Comentário Bíblico. 1.ed. RJ: CPAD, 2002, p.891)
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bibliológico
O Pecado de Acã
“Certamente Acã descobriu que o pecado é uma emoção passageira. Houve a emoção de obter alguma coisa secretamente. Ele teve a emoção de conhecer uma coisa que os outros não conheciam. Ele teve a emoção de ser procurado. Finalmente, chegou a emoção de ser o centro das atenções, de ser ‘a manchete do dia’. Há pessoas dispostas a trocar suas vidas por essas compensações.
Mas a emoção teve vida curta. O que ele fizera foi logo descoberto por todos. O que ele havia escondido foi rapidamente manifesto a toda a sua nação. Aquilo que ele considerou valioso mostrou-se impotente para ministrar-lhe. Aquilo que ele teve orgulho tornou-se sua vergonha. Sua alegria transformou-se em tristeza. Sua emoção momentânea terminou numa morte violenta. Com ele pereceu tanto aquilo que ele havia roubado quanto o que era legitimamente seu. Ele recebeu o salário do pecado. Ele foi ‘sem deixar de si saudades’ (2 Cr 21.20).
Este evento evidencia o princípio de que somente aqueles que vivem vidas submissas diante de Deus recebem ajuda do Senhor. Acã recusou-se a se submeter ao plano de Deus. Ele carecia da santidade que daria permanência ao seu programa de vida.
O fato de que ‘nenhum de vós vive para si e nenhum morre para si’ (Rm 14.7) é ilustrado pela vida de Acã. Um homem pode contaminar uma comunidade tanto para o bem como para o mal. Paulo dá a essa ideia um cuidadoso desenvolvimento em sua carta aos coríntios. Ele conclui: ‘De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele’ (1 Co 12.26).
A vida de Acã também nos ensina que o pecado nunca está oculto aos olhos de Deus. O Senhor sabe o que os olhos veem, o que o coração deseja e o que os dedos manipulam. Ele também sabe dos inúteis esforços do homem de tentar enganá-lo. Mais cedo ou mais tarde, um ser humano deverá encarar seus atos e prestar contas de todos eles.
Outra verdade importante é encontrada no fato de que, assim que o pecado foi expiado, a porta da esperança se abriu. O povo sentiu mais uma vez a segurança de que poderia avançar. Esta verdade continua em ação. Aquele que aceita o sacrifício de Cristo pelo pecado imediatamente olha para a vida com esperança e segurança”.
SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS E OBRAS CONSULTADAS
-Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade
– Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
– Bíblia de Estudo Dake, CPAD.
– Dicionário Teológico, CPAD.
– Dicionário Vine, CPAD.
– Disciplina na Igreja, VIDA NOVA.
– Depois do Sacrifício: estudo prático da carta aos hebreus, VIDA.
– Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, HAGNOS.
-Palestras em Teologia Sistemática, IBR.
-Palavras Chaves do Novo Testemaento, VIDA NOVA
– Vocabulário Latino, LIVRARIA GARNIER.
– Postado por ALTAIR GERMANO, às 07:36
MULDER, C. O. et al. Comentário Bíblico Beacon. 1.ed., Vol.2. RJ: CPAD, 2005.
Autor: David Alfred Zuhars, Jr.
Pastor David Zuhars
PRIMEIRA IGREJA BATISTA DO JARDIM DAS OLIVEIRAS
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