Jovens Lição 8: Habacuque: A intercessão de um homem cheio de esperança
Data: 21 de Fevereiro de 2021
TEXTO DO DIA
“Ouvi, SENHOR, a tua palavra e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2).
SÍNTESE
A intercessão é uma prática preciosa aos filhos de Deus. Aprenderemos com Habacuque o valor do ato de interceder pelos justos e como ele descobriu o valor da fé e o segredo da esperança.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — At 16.25
Orando e louvando em meio ao caos
TERÇA — Zc 10.6
Deus inclina seus ouvidos aos que clamam
QUARTA — Dt 11.26-28
Bênção ou Maldição
QUINTA — Gl 6.7
O semear e o colher
SEXTA — Et 4.16
A intercessão por um povo
SÁBADO — Hb 11.1-40
Exemplos de fé no Antigo Testamento
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- COMPARAR a iniquidade em Judá e na contemporaneidade;
- CONTEMPLAR o cuidado de Deus para com os justos;
- CONHECER o que é intercessão.
INTERAÇÃO
Olá professor(a), hoje vamos falar acerca de perguntas e respostas! As perguntas e provocações instigam e despertam a curiosidade do aluno. Mais importante e relevante do que as respostas tão esperadas são as perguntas feitas com a maestria e a perícia de quem sabe provocar a curiosidade e aguçar a reflexão.
É importante enfatizarmos que a vida é movida pelo processo, pelas perguntas e pelo inconcluso. Quando estimulamos os questionamentos e damos liberdade para o pensamento durante o processo, percebemos a dinâmica da vida que gera o desenvolvimento e o amadurecimento de cada um de nossos alunos. É nas perguntas que o aprendizado encontra o terreno fértil para o seu desenvolvimento. Por outro lado, as respostas sinalizam a linha de chegada e, por mais que possam representar a vitória tão almejada, indicam também que é tempo de propor estratégias, de parar e de descansar. Em nossa caminhada de aprendizagem, jamais poderemos nos confortar com a ideia de conclusão. É a dinâmica que nos move.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Mais uma vez estamos juntos para levar aos jovens uma visão cristã e comprometida acerca da oração. Nessa lição, um dos temas principais é a intercessão. Vamos propor aos jovens uma atividade prática nesse sentido? Junto com todos os alunos, produzam uma Lista sobre pessoas, instituições e causas que precisam da intercessão. Se preferir, divida-os em grupos. Sendo assim, eles podem fazer listas completas e depois no coletivo, irão formando uma única Listagem. Organize todos os itens da Lista e coloque-os em uma mensagem digital que você pode compartilhar com eles por uma rede social, como o WhatsApp, por exemplo.
Durante a semana peça que eles orem todos os dias por essa causa e lembre-os que na aula seguinte cada um terá a oportunidade de relatar a sua experiência e os frutos da intercessão.
TEXTO BÍBLICO
Habacuque 3.4-6,15-19.
4 — E o seu resplendor era como a luz, raios brilhantes saiam da sua mão, e ali estava o esconderijo da sua força.
5 — Adiante dele ia a peste, e raios de fogo, sob os seus pés.
6 — Parou e mediu a terra; olhou e separou as nações; e os montes perpétuos foram esmiuçados, os outeiros eternos se encurvaram; o andar eterno é seu.
15 — Tu, com os teus cavalos, marchaste pelo mar, pela massa de grandes águas.
16 — Ouvindo-o eu, o meu ventre se comoveu, à sua voz tremeram os meus Lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e estremeci dentro de mim; descanse eu no dia da angústia, quando ele vier contra o povo que nos destruirá.
17 — Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas,
18 — Todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação.
19 — JEOVÁ, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de música.)
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Nesta Lição, juntos aprenderemos acerca da resposta dada por Deus e quais as circunstâncias que fazem parte desse triste momento da história de Judá. Que possamos nos fortalecer e, com convicção, anunciar a todos que ainda é tempo para arrependimento e conversão dos maus caminhos: A porta ainda está aberta. Bons estudos!
I. A INIQUIDADE DE JUDÁ
1. Caos e sofrimento. Em Judá imperava um panorama de injustiças, perversidades e abominações. Já não havia mais um interesse Legítimo para arrependimento e retorno ao Senhor. E, infelizmente, essa situação se agravava cada vez mais. Esse foi o tempo em que Habacuque (assim como também Jeremias, como vimos anteriormente) exerceu o seu ministério. Para um homem com a sensibilidade e a devoção a Deus, essa realidade era por demais sofrível. Para termos uma ideia, ao Longo dos três capítulos do livro do profeta Habacuque, a palavra hamas é citada 6 vezes. Mas, qual o significado desta palavra hebraica tão antiga? Ela faz referência a uma violência extrema e desmedida. Tal expressão revela o pânico que reinava entre as pessoas mais fragilizadas e também as que não se permitiam corromper com as iniquidades.
2. Vivendo em tempos de iniquidades. O caos vivido por Judá em seus últimos dias antes do cativeiro pode ser percebido em nosso cotidiano também. O mundo atual passa por momentos onde a iniquidade tem se multiplicado e as consequências têm sido cada vez mais desastrosas: A destruição da família e a condenação do padrão de vida santificada; a violência urbana tem revelado uma crueldade impressionante: a corrupção atingiu nos últimos anos índices jamais vistos na história da humanidade; as multidões (de todas as idades) que moram nas ruas mendigando e sendo desamparadas se amplia a cada dia; a fome tem atingido uma parcela cada vez maior da população; a prostituição e outras formas veladas de mercantilização dos corpos Levando à objetificação dos seres humanos; a justiça que não mais é a favor do justo, mas é destruída por leis frouxas e interpretações compradas; as doenças da alma Levando um número crescente de pessoas ao suicídio, mutilação e crises psicossomáticas; guerras e terrorismos em todos os continentes; além muitas outras realidades aqui não mencionadas. São prenúncios dos tempos descritos por Jesus em seu ministério na terra (Mt 24.6-8) apontando, possivelmente, para “o princípio das dores”. O Mestre apontava que ouviríamos falar de guerras e de rumores de guerras e veríamos fomes, pestes, terremotos, mas tudo isso ainda não seria o fim.
3. É chegada a hora! Por anos, não só Habacuque, mas muito outros foram alertando o povo quanto ao juízo de Deus por suas más escolhas. Um nítido exemplo encontramos em Jeremias, que gastou sua vida chamando o povo ao arrependimento e sendo castigado paulatinamente por isso. Para Habacuque, não havia mais nada a fazer além de questionar a Deus em prol dos justos, que sofreriam também as consequências do juízo dos maus. O profeta clamava movido pelo amor a Deus, pelo desejo ardente de restauração (mas não por mãos ímpias) e por sua dor ao ver os justos serem vítimas das mesmas atrocidades que seriam impostas aos iníquos.
Pense!
A iniquidade é uma infeliz realidade em nossos dias. Como você tem lidado com as ameaças diárias ocasionadas pelas influências do mundo?
Ponto Importante
O jovem cristão tem em seu cotidiano contato com injustiças. Porém, é preciso ter a clareza de que devemos sempre fazer a diferença e promover o bem. Somos sal e luz!
II. O CASTIGO DE JUDÁ
1. Bênção ou maldição. Moisés, ao final do Pentateuco, é usado por Deus para proferir ao povo três discursos impressionantes em conteúdo, em amplitude e em efeitos para a posteridade. Em um desses discursos há uma importante consideração. Vejamos: “Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando ouvirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que hoje vos mando; porém a maldição, se não ouvirdes os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno […]” (Dt 11.26-28). Essas palavras de Moisés demonstravam ao povo o quanto suas formas de lidar com os desafios diários seriam determinantes quanto ao futuro. A validade dessas palavras é tão real hoje quanto era nos dias de Moisés e Habacuque. Temos diante de nós a escolha: Bênção ou maldição. Tudo dependerá da forma como conduziremos os nossos passos. Aquilo que semearmos também colheremos (Gl 6.7).
Deus não é indiferente ao pecado e à injustiça, mas para todas as coisas há um tempo determinado. A aparente aceitação divina do que acontecia em Judá nos tempos de Jeremias e Habacuque não representava uma passividade, mas sim um período necessário até que o juízo fosse determinado e finalmente protagonizado pelos caldeus.
2. O sofrimento dos justos. O profeta questionava com o coração apertado sobre o sofrimento dos justos, mas também compreendia o destino impiedoso que se desenhava sobre os seus compatriotas que se lançaram a uma vida de iniquidades.
“Porque os babilônicos?”. Esta indagação queimava o coração de Habacuque. O fato desse povo ser ímpio e praticante das mais terríveis abominações não ajudava na digestão de tão triste realidade, muito pelo contrário: Deus estava empregando um povo ainda mais ímpio e pecador para trazer juízo ao seu povo. O Senhor deixara bem claro que, também no tempo certo, os caldeus pagariam por suas atrocidades e iniquidades, porém nesse momento estariam sendo direcionados para serem os instrumentos de juízo sobre o povo de Judá.
3. Pela fé. Um dos versículos mais conhecidos da Bíblia Sagrada define com precisão o que é “fé”: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). É a fé que nos dá sentido ao ato de orar, pois cremos que Deus nos ouve e nos fortalece em meio à nossa caminhada anunciando o Reino de Deus. Pela fé vencemos os mais diversos desafios e nos enchemos de ousadia em meio ao caos, pois sabemos que o Pai conosco está. E foi a “fé” o elemento chave apresentado por Deus ao profeta: “[…] O justo, pela sua fé, viverá” (Hc 2.4).
Pense!
Bênção e maldição são partes de um discurso muito conhecido de Moisés. Deus nos permite escolher o que queremos para a nossa vida. Façamos sempre a escolha certa.
Ponto Importante
A fé é um dos segredos das vitórias dos crentes. Quando exercemos a nossa fé, enxergamos com mais nitidez qual é a vontade de Deus para nossas vidas!
III. A ORAÇÃO DE HABACUQUE
1. O homem que questionou Deus. Os profetas que escreveram livros na Bíblia dirigiram suas palavras a pessoas específicas ou ainda a todo um povo, porém com Habacuque foi diferente. O seu livro registra palavras que nos mostram um profundo diálogo entre o profeta e Deus.
Em toda a Bíblia Sagrada, é raríssimo encontrarmos personagens que receberem de Deus a autorização para questioná-lo abertamente: Moisés é um conhecido exemplo (Êx 33) intercedendo pelo povo que era teimoso. Outro caso muito conhecido se refere a Habacuque. No início do capítulo primeiro o profeta se entristece mediante a injustiça que impera no meio do seu povo e pergunta por que Deus não intervém: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não me salvarás?” (Hc 1.2). Já mais adiante, o questionamento é mais “cirúrgico” abordando a aparente passividade divina enquanto o ímpio destrói e humilha aquele que é justo (Hc 1.13). Mas, como pode o Senhor Soberano permitir que um homem o questione de forma tão direta? A resposta é simples e animadora: O questionamento de Habacuque, assim como de Moisés, foi originado em uma relação de profunda intimidade com Deus e protagonizado por alguém que buscava servir ao Senhor com inteireza de coração permitindo-se ser guiado em tudo pela direção divina.
2. O poder da intercessão. Quando alguém se permite chegar na dimensão de intimidade com Deus alcançada por Habacuque, o questionamento passa a ser envolto em uma prática de intercessão pelos justos. Nesse sentido, o questionamento não é movido pela simples discordância, mas sim por uma série de sentimentos e virtudes que conhecemos bem, e que seriam, séculos mais tarde, muito bem explanados pelo apóstolo Paulo: Amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Almejemos com intensidade vivermos essas virtudes que integram o fruto do Espírito (Gl 5.22).
A intercessão é o ato de mediar em favor de alguém. Mediante essa prática, os intercessores também são alvos de bênçãos, veja: Aprofunda nossa intimidade com Deus (Sl 63.1-11); amplia a visão espiritual (Dn 9.20-23); intensifica a unidade e promove a bênção.
3. Um coração cheio de esperança. A sensibilidade de Habacuque nos impressiona. Se atentarmos para duas unidades temáticas, os primeiros dois capítulos e o último, perceberemos uma marcante diferença entre elas. Num primeiro momento, o profeta exprime um sofrimento devastador, a ponto de questionar Deus e chorar pelos justos que sofrerão no cativeiro. Mas, algo acontece. O Pai o responde e revela um grande segredo para a caminhada triunfante do crente: A fé (Hc 2.4). Habacuque, agora com essa mensagem bem gravada em sua mente, via o invisível (Hb 11.27) e estava pronto para um novo tempo de esperança.
Ao início do terceiro capítulo as palavras são de esperança e paz. Alegremo-nos no Senhor, exultemos no Deus da nossa salvação (Hc 3.17-19).
Pense!
Que possamos terem nossos corações a mesma convicção da ação de Deus revelada por Habacuque no final do seu livro. Tenha sempre esperança em Deus!
Ponto Importante
O diferencial no questionamento de Habacuque a Deus estava no grau de intimidade que ele tinha com o Pai e também no sentimento que repousava em seu coração.
CONCLUSÃO
A intercessão tem um grande valor e Deus inclina-se para ouvir quem clama. Na intercessão as portas são abertas, a sede é saciada, o milagre acontece e, tanto quem intercede quanto aquele que é contemplado pela intercessão são abençoados pelo Senhor. Foi através da intercessão que o profeta presenciou o caos se transformar e esperança. Intercedendo, Habacuque sentiu o medo se transformar em paz diante do Deus que promove nos seus filhos a certeza da salvação. Regozijemo-nos nEle.
ESTANTE DO PROFESSOR
ANDRADE, Claudionor de. Jó: O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
HORA DA REVISÃO
1. Conforme nossos estudos, o que significa hamas?
Violência extrema e desmedida.
2. O que a Igreja deve fazer diante da iniquidade do mundo atual?
Deve anunciar o Reino de Deus e a salvação em Cristo!
3. Qual a mensagem de Deus que mudou a percepção de Habacuque com relação ao sofrimento que estava por vir?
A mensagem de que o justo viverá pela sua fé!
4. O que levou Deus a permitir que Habacuque o questionasse?
O fato de o profeta ter intimidade com Deus e profundo sentimento pelas pessoas justas que estavam sofrendo.
5. O que é intercessão?
É o ato de interceder por alguém, ou seja, pedir algo que essa pessoa necessite muito a Deus (no caso do nosso estudo).
SUBSÍDIO
“A prova a que Jó foi submetido não serviu apenas para si; foi também imprescindível aos seus amigos que, a partir daquele momento, pôr-se-iam a encarar as coisas divinas de maneira correta. Se até então pensavam eles que o Senhor haveria de se contentar com boas obras, ou com um simples relacionamento mercantil, a partir de agora terão de se conscientizar de que deus busca a nossa verdadeira adoração. Na verdade, o sofrimento de Jó trouxe um grande avivamento a todos os que o cercavam. E os seus amigos, posto que molestos, também foram alvo das misericórdias do Senhor. Portanto, a prova a que você está sendo submetido redundará num maravilhoso despertamento espiritual a todos que o rodeiam. Por isso, não se irrite com os seus amigos; ore por eles; interceda por eles (Sl 22.6). Mesmo em frangalhos, e mesmo não passando de ruínas, deveria Jó. naquele momento, atuar como sacerdote daqueles que muito o feriram com suas palavras. Que incrível semelhança com o Senhor Jesus Cristo! Nosso Salvador, embora tenha sido retratado pelo profeta como alguém desprovido de parecer e formosura, intercedeu por nós pecadores (Is 53.2,3,12). Se este retrato que o profeta revela do Senhor parece forte, o que diremos da pintura que do mesmo Salvador faz Davi: ‘Mas eu sou verme, e não homem, opróbio dos homens e desprezado do povo’ (Sl 22.6)?” (ANDRADE, Claudionor de. Jó: O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. pp.190.191).
Fonte: Estudantes da Bíblia