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Lição 13: Ester, a Portadora das Boas Novas – Lição Adultos

Comentário Exegético Profundo da Leitura Bíblica em Classe – Ester 8:4-8; 9:29-31; 10:1-3

ESTER 8:4 – “Então o rei estendeu para Ester o cetro de ouro. E Ester se levantou, e se pôs em pé diante do rei.”

Lição 13: Ester, a Portadora das Boas Novas - Lição Adultos CPAD - 3º Trimestre 2024

Cetro (שַׁרְבִיט, sharvit) O cetro é um símbolo de autoridade real e soberania. No contexto do Antigo Oriente Próximo, estender o cetro indicava que o soberano concedia favor ou audiência à pessoa que o abordava, mesmo se esta estivesse em uma posição vulnerável, como Ester, que arriscava a vida ao se aproximar do rei sem ser chamada. Aplicação teológica: O ato de o rei estender o cetro para Ester simboliza o favor soberano e a misericórdia que Deus concede a Seu povo. Ester, representando Israel, recebe graça em um momento crítico. Isso aponta para a maneira como Deus estende Sua graça a Seu povo, ouvindo suas súplicas em tempos de grande necessidade (Sl 86:5).

Levantou-se (קוּם, qum) A palavra “levantou-se” implica ação e prontidão. No hebraico, o verbo qum frequentemente carrega a ideia de ressurgir, assumir uma postura de determinação e estar preparado para agir. Aqui, Ester se levanta após receber o sinal de graça do rei. Aplicação teológica: Qum reflete uma resposta à graça recebida. Ester, ao ser aceita pelo rei, levanta-se para interceder pelo povo. Teologicamente, essa palavra nos lembra que a graça de Deus, quando recebida, deve resultar em ação; somos chamados a nos levantar em fé e interceder pelos outros, assim como Cristo nos chama a agir com prontidão em nossa vocação (Ef 2:10).

Pôs-se em pé (עָמַד, amad) O verbo amad pode ser traduzido como “ficar de pé”, mas também tem conotações de estar em uma posição firme ou permanecer. Ester, ao ficar de pé diante do rei, demonstra firmeza em sua intercessão e coragem em sua postura. Aplicação teológica: Amad evoca a ideia de estar firme diante de autoridades ou adversidades. Ester está diante do rei terreno, mas essa palavra nos lembra que estamos firmes diante de Deus em oração e súplica. É uma imagem poderosa da intercessão: assim como Ester permanece firme em seu propósito, os crentes são chamados a estar firmes diante de Deus e de Suas promessas (Ef 6:13-14), sem vacilar, mesmo quando as circunstâncias são desafiadoras.


ESTER 8:5 – “E disse: Se bem parece ao rei, e se achei graça diante dele, e se esta coisa é reta diante do rei, e se sou agradável aos seus olhos, escreva-se que se revoguem as cartas concebidas por Hamã, filho de Hamedata, o agagita, que ele escreveu para destruir os judeus que há em todas as províncias do rei.”

Graça (חֵן, chen) A palavra hebraica “graça” (chen) tem o sentido de favor imerecido. Ester, mais uma vez, apela para a misericórdia e o favor do rei, sabendo que não tem o direito automático de exigir algo, mas que depende da disposição graciosa do soberano. Aplicação teológica: No contexto bíblico, chen é muitas vezes usada para descrever a relação entre Deus e Seu povo, indicando a benevolência de Deus para com aqueles que Lhe agradam ou que Ele escolhe demonstrar favor (Êx 33:19). Aqui, Ester se coloca em uma posição humilde, buscando o favor do rei assim como os crentes devem buscar a graça de Deus em oração. Isso nos lembra que é pela graça que nos aproximamos do trono celestial, tal como Ester se aproxima do trono real (Hb 4:16).

Revogar (הָשִׁיב, hashiv) A palavra revogar vem do verbo hebraico hashiv, que pode ser traduzido como “anular”, “reverter” ou “devolver”. Ester solicita que o decreto malicioso de Hamã seja revertido, uma vez que ele condenava à morte o povo judeu. Aplicação teológica: Hashiv reflete o desejo de reverter algo maligno ou injusto. No plano espiritual, vemos aqui uma tipologia do que Cristo faz por nós: Ele reverte o decreto de condenação contra a humanidade, anulando o poder do pecado e da morte através da Sua obra redentora (Cl 2:14). A intercessão de Ester por seu povo espelha a intercessão de Cristo, que anulou as acusações contra Seu povo, garantindo-lhes vida (Rm 8:33-34).

Destruir (שָׁמַד, shamad) O verbo destruir (shamad) denota uma destruição completa, erradicação ou extinção. Esse termo é utilizado em contextos de extermínio total, como o que estava destinado aos judeus por meio do decreto de Hamã. Aplicação teológica: Shamad aqui representa a ameaça de destruição contra o povo de Deus, mas que foi revertida pela intercessão de Ester. Teologicamente, isso aponta para a proteção e preservação divinas sobre o povo de Deus. Embora os inimigos de Deus tentem destruir Seu povo (como Satanás tenta destruir a Igreja e os crentes), Deus intervém soberanamente, impedindo que os planos malignos prevaleçam (Mt 16:18). Ester serve como um tipo de Cristo, que intercede por Seu povo e impede sua destruição.


ESTER 8:6 –“Pois como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a destruição da minha parentela?”

Mal (רָעָה, ra’ah) O termo hebraico “mal” (ra’ah) refere-se a algo ruim, prejudicial, ou uma calamidade. Neste contexto, Ester expressa sua profunda angústia e preocupação pelo mal iminente que estava prestes a cair sobre seu povo por causa do decreto de Hamã. Aplicação teológica: A palavra ra’ah nos lembra a realidade do mal no mundo, especialmente quando se levanta contra o povo de Deus. Teologicamente, a Bíblia ensina que Deus, em Sua soberania, pode usar até o mal para cumprir Seus propósitos redentores (Gn 50:20; Rm 8:28). Assim como Ester não podia suportar a visão do mal sobre seu povo, Deus também não deseja a destruição de Seu povo e age em favor daqueles que O amam, protegendo-os e transformando o mal em oportunidade para a salvação.

Destruição (הַשְׁמָדָה, hashmadah) O termo “destruição” (hashmadah) refere-se a uma erradicação total, aniquilação ou extermínio. Ester usa esta palavra para descrever o destino de sua parentela, ou seja, de sua família e de seu povo, caso o decreto de Hamã não fosse revertido. Aplicação teológica: Hashmadah carrega a ideia de uma destruição que não deixa sobreviventes, destacando o perigo extremo que o povo judeu enfrentava. Teologicamente, isso aponta para a seriedade da intercessão de Ester, que reflete a intercessão de Cristo, que nos livra da destruição espiritual e da morte eterna (Jo 3:16). Essa destruição iminente também nos lembra do juízo final, do qual os crentes são poupados pela graça de Deus através da obra redentora de Cristo (Rm 6:23).

Povo (עַם, am) A palavra “povo” (am) no hebraico se refere a um grupo de pessoas ligadas por uma identidade comum, e, no caso de Ester, refere-se ao povo judeu. Ester se identifica profundamente com seu povo e se vê como parte indivisível dessa comunidade. Aplicação teológica: O uso de am aqui sublinha o conceito de solidariedade comunitária. Na teologia bíblica, o conceito de “povo de Deus” é central. Assim como Ester intercede por seu povo, Jesus Cristo intercede por Sua Igreja, o novo povo de Deus (1 Pe 2:9-10). Ester exemplifica o amor sacrificial e a responsabilidade que os líderes e intercessores têm por seu povo, refletindo a unidade e o cuidado que devemos ter uns pelos outros no corpo de Cristo (Gl 6:2).


ESTER 8:7 – “Então o rei Assuero disse à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele penduraram numa forca, porquanto quis pôr as mãos sobre os judeus.”

Casa (בַּיִת, bayit) A palavra “casa” (bayit) no hebraico tem um significado mais amplo do que simplesmente uma construção física. Ela pode referir-se a uma família, dinastia ou propriedade completa. Quando o rei Assuero dá a Ester a “casa de Hamã”, ele está entregando a totalidade de suas posses e propriedades, incluindo sua autoridade e influência. Aplicação teológica: Teologicamente, bayit nos ensina sobre a justiça de Deus em reverter situações malignas para o bem de Seu povo. Aquilo que foi conquistado ou possuído pelo inimigo agora passa para as mãos dos justos, representando uma vitória da justiça divina (Pv 13:22). Ester receber a casa de Hamã ilustra como Deus é capaz de transferir poder e influência de mãos injustas para aqueles que O servem fielmente, apontando também para o conceito bíblico de herança para o povo de Deus (Sl 37:29).

Forca (עֵץ, etz) O termo hebraico “forca” (etz) refere-se a uma árvore, madeira ou um poste de enforcamento. No contexto persa, provavelmente era uma estrutura elevada, semelhante a uma estaca ou guilhotina, onde os inimigos do reino eram enforcados ou empalados. A forca de Hamã se torna o instrumento de sua própria morte, um exemplo claro de retribuição divina. Aplicação teológica: Etz simboliza a justiça divina em ação. Hamã, que havia construído a forca para destruir Mardoqueu, acaba sendo pendurado nela. Isso reflete o princípio bíblico de que “quem cava uma cova cairá nela” (Pv 26:27). Teologicamente, isso aponta para o julgamento de Deus sobre aqueles que intentam o mal contra Seu povo e é um prenúncio da justiça final, onde o mal será julgado de forma definitiva (Ap 20:12-15).

Pôr as mãos sobre (שָׁלַח יָד, shalach yad) A expressão hebraica “pôr as mãos sobre” (shalach yad) carrega a ideia de um ataque intencional, ou de causar dano. No caso de Hamã, ele intentou violentar e exterminar os judeus. A expressão traz consigo uma conotação de agressão deliberada. Aplicação teológica: Shalach yad é um lembrete de como as intenções e ações malignas contra o povo de Deus não escapam ao conhecimento divino. Embora Hamã tivesse tentado destruir os judeus, Deus reverteu suas ações. Teologicamente, isso reflete a promessa de Deus de proteger Seu povo contra aqueles que intentam o mal contra eles (Is 54:17). Isso também ecoa a justiça de Deus, que não permitirá que o mal prospere indefinidamente contra os justos, mas trará retribuição aos ímpios (Sl 34:21).


ESTER 8:8 – “Escrevei, pois, vós outros aos judeus, como bem vos parecer, em nome do rei, e selai-o com o anel do rei, porque o que se escreve em nome do rei, e com o anel do rei, ninguém pode revogar.”

Escrevei (כָּתַב, katav) A palavra hebraica “escrevei” (katav) refere-se ao ato de redigir ou inscrever algo por escrito. Neste caso, o rei Assuero está autorizando Ester e Mardoqueu a escreverem um novo decreto em favor dos judeus, uma ação que tem um poder legal e irrevogável. Aplicação teológica: Katav nos remete à importância da palavra escrita, especialmente no contexto da aliança e dos decretos de Deus. Assim como o decreto do rei, os mandamentos e promessas de Deus, quando escritos, são irrevogáveis e confiáveis (Is 55:11). Isso aponta para a fidelidade da Palavra de Deus, que é escrita não apenas em tábuas de pedra, mas no coração dos crentes (Jr 31:33). O novo decreto dado a Ester e Mardoqueu simboliza a graça e a misericórdia que Deus concede ao Seu povo, oferecendo-lhes a chance de defesa e preservação.

Anel (טַבַּעַת, taba’at) O termo hebraico “anel” (taba’at) refere-se ao anel-selo usado pelo rei. Na cultura persa, o anel-selo era um símbolo de autoridade, poder e autenticidade. O selo real representava a legitimidade e o caráter vinculante de qualquer documento selado com ele. Aplicação teológica: Taba’at simboliza a autoridade delegada. O anel real confere poder para emitir decretos que não podem ser alterados. Teologicamente, isso nos lembra da autoridade que Cristo, o Rei dos reis, possui (Mt 28:18), e a autoridade que Ele delega à Sua Igreja para realizar Sua obra e proclamar Suas verdades (Mt 16:19). Assim como o decreto selado com o anel não podia ser revogado, as promessas de Deus e o Seu plano de salvação são firmes e irrevogáveis (Hb 6:17-18).

Em Nome do Rei(בְּשֵׁם הַמֶּלֶךְ, b’shem hamelech). A expressão hebraica “em nome do rei” enfatiza a autoridade delegada e o poder soberano do monarca. Quando algo é feito “em nome do rei“, implica que a ação, decreto ou ordem carrega o peso e a autoridade total do próprio rei, como se ele tivesse realizado a ação diretamente. Aplicação teológica: No contexto bíblico, fazer algo “em nome” de alguém significa agir com a autoridade dessa pessoa. Teologicamente, isso aponta para o conceito de autoridade espiritual. Da mesma forma que Ester e Mardoqueu podiam emitir um decreto “em nome do rei” com poder irrevogável, os crentes, em Cristo, têm a autoridade para agir “em nome” de Deus, conforme Ele delega Seu poder e propósito (Jo 14:13-14). Isso nos lembra da responsabilidade e poder que acompanham o agir em nome de Cristo, cuja autoridade é suprema e eterna (Mt 28:18-19).


ESTER 9:29 – “Então a rainha Ester, filha de Abiail, e o judeu Mardoqueu escreveram com toda a autoridade, para confirmar esta segunda carta acerca de Purim.”

Escreveram (כָּתַב, katav) A palavra hebraica “escreveram” (katav) indica a ação de redigir e formalizar um documento oficial. Ester e Mardoqueu estão agindo com autoridade ao redigir o decreto sobre a festa de Purim, estabelecendo-a como uma comemoração oficial para os judeus. Aplicação teológica: Katav nos lembra da importância da preservação da memória e dos atos de Deus na história do Seu povo através da palavra escrita. Assim como a história de Purim foi documentada e estabelecida para gerações futuras, também somos chamados a lembrar e registrar as obras de Deus em nossas vidas e na história da Igreja (Sl 78:4-7). A ação de Ester e Mardoqueu reflete o valor da tradição escrita para a continuidade da fé e para o ensino das futuras gerações, um princípio que se estende à Escritura como um todo, que é divinamente inspirada e preservada.

Autoridade (תֹּקֶף, tokef) A palavra hebraica “autoridade” (tokef) refere-se à força, poder ou firmeza com que algo é feito ou estabelecido. Neste contexto, Ester e Mardoqueu escrevem com a plena autoridade conferida a eles pelo rei, assegurando que o decreto sobre a celebração de Purim tivesse validade oficial e fosse seguido por todo o povo judeu. Aplicação teológica: Tokef simboliza a autoridade dada por Deus a Seus servos para estabelecer e confirmar Sua vontade. No Novo Testamento, Cristo confere autoridade à Sua Igreja para ensinar e proclamar a verdade (Mt 28:18-20), assim como Ester e Mardoqueu receberam autoridade para estabelecer um memorial para o povo. Isso nos lembra que Deus nos delega autoridade para agir em Seu nome e conforme Sua vontade, tanto para proclamar o evangelho quanto para viver de acordo com os princípios do Reino de Deus.

Purim (פּוּרִים, Purim) A palavra “Purim” (Purim) é de origem persa e significa “sortes”. A festa de Purim foi instituída em comemoração à reversão da sorte que os judeus experimentaram, onde um decreto de destruição foi revertido, resultando em sua salvação e vitória sobre os inimigos. Aplicação teológica: Purim aponta para a soberania de Deus em transformar o mal em bem e reverter situações de aparente derrota em vitória. A “sorte” (que estava contra os judeus) foi revertida pela intervenção divina através de Ester e Mardoqueu. Teologicamente, isso reflete a providência divina na vida do Seu povo, onde mesmo os eventos que parecem aleatórios ou destinados ao mal podem ser revertidos para o bem dos que amam a Deus (Rm 8:28). Purim, portanto, é uma celebração do livramento e da fidelidade de Deus, que transforma maldição em bênção.


ESTER 9:30 – “E enviaram cartas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e verdade.”

Cartas (אִגֶּרֶת, iggeret) A palavra hebraica “cartas” (iggeret) refere-se a um documento escrito e enviado com uma mensagem formal. Nesse contexto, as cartas de Ester e Mardoqueu tinham o objetivo de anunciar oficialmente o decreto sobre a festa de Purim a todos os judeus espalhados pelo vasto império de Assuero. Aplicação teológica: Iggeret nos remete à importância da comunicação clara e formal da verdade de Deus ao Seu povo. Assim como as cartas foram enviadas para anunciar boas novas e instruções, as Escrituras são a “carta” de Deus à humanidade, contendo Suas instruções e revelações (2 Tm 3:16-17). Além disso, as cartas enviadas a todo o império representam a universalidade da mensagem de Deus, que é destinada a todas as nações, refletindo a Grande Comissão de levar o evangelho a todas as partes do mundo (Mt 28:19).

Províncias (מְדִינָה, medinah) A palavra “províncias” (medinah) refere-se às divisões administrativas dentro do vasto império persa. O fato de que as cartas foram enviadas a todas as cento e vinte e sete províncias ressalta a extensão da mensagem e o alcance do império. Aplicação teológica: Medinah sublinha o alcance universal da ação divina em favor de Seu povo. O decreto de Purim não se limitou a uma região específica, mas foi enviado a todas as províncias, abrangendo todos os judeus no império. Teologicamente, isso reflete a extensão do cuidado e proteção de Deus, que abrange todos os Seus filhos, independentemente de onde estejam. Da mesma forma, o evangelho de Cristo é destinado a todas as nações e povos, demonstrando que a salvação de Deus está disponível a todos os que O buscam (At 1:8).

Paz e verdade (שָׁלוֹם וֶאֱמֶת, shalom ve’emet) A expressão “paz e verdade” (shalom ve’emet) é composta de duas palavras fundamentais na teologia bíblica. Shalom (paz) indica um estado de bem-estar, harmonia e integridade, enquanto emet (verdade) refere-se à firmeza, fidelidade e confiabilidade. Aplicação teológica: Shalom ve’emet expressa o desejo de uma vida plena e fundamentada na verdade. Shalom não é apenas ausência de guerra, mas uma condição de prosperidade espiritual e comunhão com Deus. Já emet é a verdade absoluta e confiável, que emana do caráter de Deus (Sl 25:10). Ester e Mardoqueu enviam sua mensagem com essas palavras, desejando que os judeus experimentem paz e verdade, assim como Deus deseja que Seu povo viva em harmonia com Sua verdade. Teologicamente, Cristo é a personificação da paz e da verdade (Jo 14:6), e Sua obra redentora nos traz shalom com Deus e nos alicerça na emet divina.


ESTER 9:31 –“para confirmarem estes dias de Purim nos seus tempos determinados, como já os tinham ordenado o judeu Mardoqueu e a rainha Ester, e como já tinham estabelecido para si e para a sua descendência o jejum e o seu clamor.”

Confirmarem (קִיֵּם, kiyem) A palavra hebraica “confirmarem” (kiyem) significa “estabelecer”, “afirmar” ou “confirmar”. Neste contexto, refere-se à ação de solidificar a observância dos dias de Purim como uma celebração oficial e obrigatória para as gerações futuras, consolidando sua prática. Aplicação teológica: Kiyem sublinha a importância de confirmar as ordens e instruções divinas na vida do povo de Deus. Da mesma forma que Mardoqueu e Ester confirmaram os dias de Purim, os crentes são chamados a firmar e viver de acordo com as instruções que recebem de Deus. Esse ato de confirmar as práticas é um reflexo da continuidade da fidelidade a Deus (Sl 119:105). A confirmação da festa de Purim relembra o povo de sua identidade e das intervenções divinas em seu favor, um princípio que pode ser aplicado à vida cristã, onde os crentes confirmam continuamente sua fé e obediência às verdades de Deus (Fp 2:12).

Tempos determinados (זְמַנִּים, zemanim) A palavra hebraica “tempos” (zemanim) refere-se a períodos ou épocas fixas, designadas para a observância. Ester e Mardoqueu estabeleceram os tempos exatos em que os dias de Purim deveriam ser celebrados todos os anos, seguindo o calendário hebraico. Aplicação teológica: Zemanim reflete a importância de períodos específicos e sagrados no relacionamento do povo de Deus com Ele. Deus sempre estabeleceu tempos determinados para Seu povo, como o Shabat e as festas solenes (Lv 23). A observância desses tempos relembra o caráter ordenado de Deus e Sua vontade de que o povo tenha momentos de celebração, descanso e reflexão sobre Suas obras (Ec 3:1). No contexto cristão, isso também aponta para a importância de momentos de celebração e memória, como a Páscoa e a Ceia do Senhor, que relembram a obra redentora de Cristo (1 Co 11:23-26).

Jejum (צוֹם, tzom) e Clamor (זְעָקָה, ze’akah) A palavra hebraica “jejum” (tzom) refere-se à prática de abstenção de alimentos como um ato de humildade e arrependimento diante de Deus, enquanto “clamor” (ze’akah) denota um grito ou apelo fervoroso, muitas vezes associado ao desespero ou súplica intensa. A menção ao jejum e clamor aqui faz referência à maneira como os judeus buscaram a intervenção de Deus antes de serem salvos do decreto de Hamã. Aplicação teológica: Tzom e ze’akah são práticas espirituais que expressam dependência e súplica diante de Deus. O jejum simboliza humildade e quebrantamento, uma forma de reconhecer a soberania de Deus e buscar Sua intervenção (Jl 2:12). O clamor aponta para a intensidade da oração em tempos de angústia (Êx 2:23-24). A inclusão do jejum e do clamor na observância de Purim nos lembra que o livramento divino vem como resposta à oração fervorosa e à consagração. Para os cristãos, isso reflete a importância de uma vida de oração e dependência de Deus em momentos de crise (Mt 6:16-18; Tg 5:16).


ESTER 10:1 – “Depois disso, o rei Assuero impôs tributo sobre a terra e sobre as ilhas do mar.”

Impor tributo (מַס, mas) A palavra hebraica “tributo” (mas) refere-se a um imposto ou carga financeira que era imposta sobre o povo. Neste contexto, o rei Assuero impôs tributos sobre toda a terra, incluindo as regiões das ilhas, após os eventos que culminaram no livramento dos judeus. Aplicação teológica: Mas simboliza a autoridade governamental e a obrigação do povo de contribuir para o sustento do império. Teologicamente, essa imposição de tributo lembra a relação entre o governo humano e o povo de Deus, e como as Escrituras encorajam o povo a cumprir suas obrigações civis (Rm 13:6-7). No entanto, o contraste está na soberania de Deus, que não exige tributo, mas deseja um coração rendido e um espírito voluntário, com ofertas de gratidão e obediência (Sl 51:17).

Terra (אֶרֶץ, eretz) A palavra “terra” (eretz) pode referir-se tanto a um território específico quanto a toda a terra habitada. No contexto de Ester 10:1, refere-se ao vasto império de Assuero, que se estendia sobre várias regiões e nações. Aplicação teológica: Eretz simboliza o domínio e a extensão do governo de Assuero, mas também nos faz lembrar que, embora os reis humanos governem temporariamente sobre a terra, a soberania última pertence a Deus, o Criador e Sustentador de toda a terra (Sl 24:1). Este versículo é um lembrete de que, apesar do poder dos governantes terrenos, o reino de Deus é eterno e se estende sobre toda a criação. Assuero podia impor tributos à terra, mas Deus, como Rei soberano, é quem verdadeiramente reina sobre todas as nações (Dn 4:34-35).

Ilhas (אִי, i) A palavra “ilhas” (i) refere-se a terras isoladas ou distantes, cercadas por água. No contexto do império persa, as ilhas do mar representavam territórios fora do continente principal, simbolizando a extensão e abrangência do domínio de Assuero. Aplicação teológica: I indica a abrangência do controle imperial de Assuero sobre territórios distantes. Teologicamente, isso aponta para a abrangência do governo de Deus sobre toda a terra, incluindo as “extremidades da terra”. Embora Assuero tenha imposto seu domínio sobre as ilhas, o domínio de Deus se estende a todas as partes do mundo, inclusive às regiões mais remotas (Sl 97:1). As ilhas são muitas vezes usadas nas Escrituras como um símbolo da extensão do alcance do governo de Deus, que alcança até os confins da terra (Is 42:10).


ESTER 10:2 – “E todos os atos do seu poder e do seu valor, e a declaração da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei engrandeceu, porventura, não estão escritos no livro das crônicas dos reis da Média e da Pérsia?”

Poder (עֹז, oz) A palavra hebraica “poder” (oz) refere-se à força, poder ou autoridade de uma pessoa ou governante. Neste contexto, é uma referência ao poder de Assuero, que se manifestava por meio de sua capacidade de governar e tomar decisões que afetavam vastos territórios, incluindo sua promoção de Mardoqueu. Aplicação teológica: Oz simboliza a força e a autoridade que os governantes terrenos possuem, mas que, em última instância, provém de Deus, que é a fonte de todo poder (Sl 62:11). O reconhecimento do poder de Assuero nos lembra que todo poder humano é temporário e subordinado à soberania de Deus. Isso nos aponta para o fato de que a verdadeira força e autoridade pertencem a Deus, que usa líderes e governantes como instrumentos de Seus planos. No caso de Assuero, Deus usou o poder do rei para elevar Mardoqueu e salvar o povo judeu, cumprindo assim Seus propósitos (Rm 13:1).

Grandeza (גְּדוּלָּה, gedulah) A palavra hebraica “grandeza” (gedulah) refere-se à elevação, prestígio ou importância de alguém. Neste versículo, destaca a honra e a posição de destaque que Mardoqueu alcançou por meio da ação do rei, que o engrandeceu, conferindo-lhe uma posição de grande autoridade no império. Aplicação teológica: Gedulah nos lembra que a grandeza verdadeira, na perspectiva bíblica, vem de Deus. Embora Mardoqueu tenha sido engrandecido por Assuero, foi Deus quem o colocou em uma posição de honra para realizar Seus propósitos de salvação para o povo judeu (Pv 21:1). A elevação de Mardoqueu reflete a justiça de Deus, que exalta os humildes e derruba os soberbos (Lc 1:52). A grandeza de Mardoqueu também nos faz lembrar que a verdadeira grandeza é encontrada no serviço a Deus e ao Seu povo, como Mardoqueu fez ao interceder e trabalhar pelo bem de sua nação.

Livro das crônicas (סֵפֶר דִּבְרֵי הַיָּמִים, sefer divrei hayamim) A expressão “livro das crônicas” (sefer divrei hayamim) refere-se a registros oficiais onde os eventos históricos do reino eram documentados. O livro mencionado aqui seria um dos registros históricos persas, que guardavam os feitos dos reis e seus governantes, incluindo os atos de Mardoqueu. Aplicação teológica: Sefer divrei hayamim reflete a importância de documentar a história e os atos poderosos de Deus e Seu povo. No contexto bíblico, os eventos que Deus realiza são frequentemente registrados para a memória e ensino das gerações futuras (Êx 17:14). Embora o “livro das crônicas” persa fosse um registro secular, aponta para a tradição de preservar as obras e intervenções divinas na história. Teologicamente, isso nos lembra que Deus está ativo na história humana e que Suas obras são dignas de serem lembradas e celebradas. A preservação da história de Mardoqueu no livro das crônicas do império persa é um eco da maneira como as Escrituras preservam as obras de Deus em favor de Seu povo.


ESTER 10:3 – “Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande entre os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nação.”

Segundo (מִשְׁנֶה, mishneh) A palavra hebraica “segundo” (mishneh) significa “vice”, “deputado” ou “segundo em comando”. Neste contexto, descreve a posição de Mardoqueu, que foi elevado à segunda maior autoridade no império, logo abaixo do rei Assuero. Aplicação teológica: Mishneh simboliza uma posição de autoridade delegada, destacando o papel de liderança que Deus pode conferir àqueles que são fiéis. A ascensão de Mardoqueu ao posto de “segundo” no império persa reflete o padrão bíblico de Deus exaltando os humildes e os justos, como fez com José no Egito (Gn 41:40-41). Teologicamente, isso aponta para o princípio de que Deus pode colocar Seus servos em posições estratégicas para cumprir Seus propósitos de justiça e salvação, conforme Sua vontade (Pv 21:1). Mardoqueu, como segundo no comando, foi instrumental para garantir o bem-estar do povo de Deus, assim como Jesus, que como o Filho, age em submissão ao Pai para o bem e a salvação de Seu povo (Fp 2:9-11).

Bem (טוֹבָה, tovah) A palavra hebraica “bem” (tovah) refere-se à bondade, bem-estar ou prosperidade. Mardoqueu foi reconhecido por buscar o bem de seu povo, indicando que sua liderança era caracterizada por promover justiça, prosperidade e segurança para os judeus. Aplicação teológica: Tovah reflete o princípio de que os verdadeiros líderes, de acordo com o padrão divino, devem buscar o bem-estar daqueles a quem servem. Mardoqueu se destaca como um modelo de liderança justa e benevolente, empenhado em garantir o bem-estar do seu povo. Isso nos lembra da missão de Cristo, que veio para nos dar vida em abundância (Jo 10:10), buscando o bem e a salvação do Seu povo. Os líderes na igreja são chamados a seguir esse mesmo exemplo de buscar o bem da comunidade cristã e da sociedade, refletindo o caráter de Cristo em suas ações (1 Pe 5:2-3).

Prosperidade (שָׁלוֹם, shalom) A palavra “prosperidade” no hebraico é shalom, que é mais comumente traduzida como “paz”, mas carrega um significado mais profundo, incluindo plenitude, integridade, harmonia e bem-estar em todos os aspectos da vida. Aplicação teológica: Shalom representa a bênção total de Deus sobre Seu povo, abrangendo não apenas a ausência de guerra, mas também a plenitude espiritual, emocional e material. Mardoqueu trabalhou pelo shalom de sua nação, refletindo o papel do líder piedoso em promover a justiça, a harmonia e o bem-estar da comunidade. Teologicamente, isso nos lembra de que o plano de Deus para Seu povo envolve mais do que livramento temporário; Ele deseja proporcionar shalom em todas as áreas de suas vidas (Jr 29:11). No Novo Testamento, Jesus é o Príncipe da Paz (Is 9:6), que traz a verdadeira paz e prosperidade espiritual aos que crêem nEle (Jo 14:27).



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